sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Dica do Montanha: Casa das Máquinas

A quinta coluna chegou. Tá na hora de começar a falar sobre bandas brasileiras. Pra começar bem, nada melhor que o Casa das Máquinas. Banda da década de 70 que oscilou entre rock n’ roll, hardrock e rock rogressivo. Formaram-se em 1972 a partir de ex-integrantes da banda os Incríveis: Aroldo (guitarra e vocal) e Netinho (bateria e vocal) que estavam descontentes com o rumo comercial que o grupo estavam tomando, além de Pisca (guitarra e baixo), Carlos Geraldo Carge (guitarra, violão e vocal) e Pique (órgão, piano, saxofone e flauta) que tocava com Roberto Carlos, começando a tocar covers de vários clássicos roqueiros da época, como Elvis e Paul Anka. Com essa formação gravaram o primeiro disco homônimo da banda em 74 com uma pegada hardrock na mesma linha dos Incríveis. Nos demais discos - Lar de Maravilhas (1975) e Casa de Rock (1976) já houve muitas mudanças na formação, com as saídas de Pique e Aroldo e a entrada Mário Testoni Jr. (virtuoso tecladista), Marinho Thomaz (bateria), irmão de Netinho, que duplicava a batera com o irmão, Catalau (compositor parceiro da banda em várias músicas desses dois discos) e Simbas (vocal). Esse último dono de uma voz e performance ímpar, na mesma linha de Nei Matogrosso, representando “com estrelinhas” a pluralidade sonora da banda. A partir da entrada deles, a banda passa a fazer muitos temas na praia do rock progressivo. E com muita qualidade. O disco Lar de Maravilhas é considerado um dos melhores LPs nacionais do gênero. Pra gringo nenhum botar defeito! O grupo se desfez em 1978. Alegam vários motivos pra esse fato: censura forte da época à conduta repreensível da banda, perda de espaço do rock n’ roll para a onda disco da época (problema não muito diferente de hoje ou do daqui a vinte anos) e envolvimento de integrantes com problemas desgastantes com o judiciário. Enfim, deixaram uma bela obra. Foram extremamente competentes em todos estilos que se aventuraram. Voltaram em 2003 e, recentemente, em 2008, participaram de um show no Festival Psicodália, na Serra do Tabuleiro em Santa Catarina.

Fase rock n’ roll
Casa de Rock
O som mais conhecido deles e único clipe produzido da banda. Chegou a rolar no Fantástico.

Vou Morar no Ar
Clipe gravado nos estúdios da TV Tupi censurado pelo regime "linha-dura" da época.

Dr. Medo

Stress
Não sei se essa música faz alguma apologia a drogas, mas, segundo meu bruxo Duda Machiavelli, o Gordura, o termo "motorista" se refere ao cara que aplica a injeção de "alegria instantânea" no drogadito. Por isso "ei seu motorista, vai mais devagar...eu não tenho pressa, pressa de morrer...". Bom, são apenas suposições. Ótimas suposições.

Fase rock progressivo
Cilindro Cônico
"tudo é complicado, tudo é eletrônico, tudo se resume a um cilindro cônico...".
Bah, psicodelia pura ! Essa letra parece ter sido feita nos dias de hoje !

Lar de Maravilhas
A música que mais gosto deles. Tem uma intro com um violão flamenco que lembra muito Yes e um refrão surrelista ótimo pra se cantar à capela: "rumo à lua verde, vamos rumo à lua verde, lar de maravilhas eu vou me purificar". Lembrou até a fase racional do Tim Maia, além de ter um riff matador a la Allman Brothers no meio da música (3:38).

Fonte: Luciano Funari "Montanha"

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