domingo, 2 de novembro de 2008

Aventurar-se

O espírito de aventura sempre fez parte do imaginário da humanidade, desde os primórdios quando o homem era obrigado a abandonar o território conhecido para buscar sustento em locais ignorados e inóspitos, e agora, já com o planeta inteirinho descoberto por satélites, sinalizado por mapas, gps e outras parafernálias tecnológicas, este sentimento da necessidade de aventura ainda permanece vivo, não mais por necessidades básicas de sobrevivência, mas por razões mais profundas, muitas vezes ignoradas ou incompreendidas pelos demais, ou até mesmo inexplicáveis, mas não menos legítimas que as do início dos tempos. Há uma célebre frase de Kerouack oportuna para o tema: "não adianta me perguntar, você não vai entender". Talvez o sentido da aventura seja tão pessoal, que seja inclassificável. Mas há pontos em comum na grande maioria, como o confronto com nossos limites pessoais, a gana de sair do lugar-comum movidos pela expectativa do desconhecido, e a vontade de podermos contar as próprias histórias. Existem várias definições para aventura. Há uma que diz que “aventurar-se é partir”, vamos entender que não significa “partir” no sentido físico da palavra, mas sim, um estado de espírito. Muitos de nós quando chegam a um novo destino tendem a fazer comparações com o que ficou para trás, na origem. Ora, comparar é voltar, é se deixar levar para o que já se conhece, o que não combina com este momento, pois em uma aventura devemos nos desprender de tudo e estarmos atentos, de olhos bem abertos para o novo. Em uma aventura não devemos ficar presos a conceitos de melhor ou pior, e sim, termos em mente o conceito do diferente. Devemos curtir cada diversidade como única, deixarmos para trás todas as nossas referências e desfrutarmos do local onde nos encontramos em sua totalidade, sem paradigmas. Mas para tudo isso ser aproveitado da maneira certa, é preciso, em primeiro lugar, estarmos felizes com nós mesmos, aceitarmos todas as emoções de forma plena, vivenciando a experiência em todos os detalhes. Por isso, ao aventurar-se seja levado pelo momento, chore se tiver vontade, grite quando quiser, abrace o novo com toda disposição, sabedoria e sensibilidade. E enfim, retornando para sua casa, o aventureiro da vida moderna trará em sua bagagem todas as imagens, lembranças e emoções vividas, tornando-se novas histórias a serem divididas com os curiosos expectadores. Os destinos podem ser os mesmos, mas cada um faz sua descoberta particular através do seu próprio olhar, fazendo a aventura valer a pena.

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