quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Harley-Davidson no Egito

Após cinco dias com uma gravata no pescoço, cada vez é maior o número de executivos egípcios que dedicam os finais de semana para passear com uma moto Harley-Davidson. A lendária marca americana inaugurou, nos últimos oito anos, duas lojas no Cairo e outra em Sharm el Sheikh, um oásis de luxo no litoral do Sinai. A jovem Inyi Ghattas, proprietária dos três estabelecimentos, disse em seu escritório da capital que, pouco a pouco, o negócio começa a dar certo no Egito. No bairro de Zamalek, na capital, onde a cada sexta-feira - dia festivo no Egito - alguns proprietários se reúnem para passar a manhã juntos. No entanto, não é o barulho da Harley que predomina nas ruas do Cairo, uma selva de buzinas, táxis e microônibus e a corrida na qual habitualmente não se respeita as normas de circulação. "Eu normalmente ando à noite", explica Ahmad Farahat, de 46 anos, com quem a maioria dos donos dessas motos não concorda, resignados a esconder esse capricho sobre rodas do sofrível trânsito do Cairo. "Para trabalhar, vou de carro", reconhece. São quatro da manhã e Farahat está em um posto de gasolina, aos arredores do Cairo, onde espera outros trinta motoqueiros para os quais a Harley-Davidson Egito organizou uma viagem até a capital da vizinha Jordânia. Conforme vão chegando ao local de encontro, todos se cumprimentam, e o bom ambiente reina no seleto clube, ao qual todos podem se unir se investirem entre 56 mil e 260 mil libras egípcias (entre US$ 10.500 e US$ 48.500) em uma destas motos. Em apenas meia hora, o posto de gasolina está cheio de fanáticos pelas Harley, todos egípcios, vestidos com jaquetas de couro, lenços na cabeça e calças jeans justas. Não há rastro de turbantes ou galabiyas - túnica tradicional egípcia -, tão comuns pelas ruas do Cairo. Já montados nas motos, pegando a estrada, fazem roncar os motores e se preparam para sete dias de viagem. Em meio a tanto barulho, um dos motoristas liga seu som e põe, a todo volume, um dos primeiros sucessos de Enrique Iglesias. Coisas da globalização.

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